Boate

     Noite escura. Clima ameno na cidade com aquele ventinho leve e eu estava sem ter o que fazer, até que eu e algumas amigas resolvemos ir à uma festa. Então, de repente era uma temática totalmente diferente do que dizia no cartaz. Um tributo a alguma banda tipo ratos de porão. O ambiente da boate era basicamente um subsolo com as paredes pretas. Bem objetivo. Talvez minimalista(?). Enfim, não tinha absolutamente nada a ver com o que nos propomos, porém o clima estava legal e acabamos ficando por lá. 
     Pouco tempo depois, elas já estavam beijando os "rockeiros papai noel" que são aqueles da barba... deixa eu ver... exótica de um metro. Madrugada a dentro, outra banda começou a tocar e aquilo soava como Beethoven de uma forma inexplicável. Haviam seis garotas na banda, mas eu lembro de duas tecladistas e uma com um violoncelo. Agora pensem sair de uma vibe Ratos de Porão para um misto de musica clássica e distorções? Aquilo foi incrível! Todo mundo da festa simplesmente foi pra outro lugar e era como se tudo tivesse sido teletransportado para os jardins de Pomona. É difícil contar algo pelo fato de esquecer que estou contando. Lembrete/explicação: jardins de pomona são uma expressão para belos, incríveis e maravilhosos jardins, etcetera, etcetera. 
     Mais alguns minutos passaram e senti Kasyade se aproximar. Antes, me assustava, mas hoje quando ele vem eu apenas sinto. Então chegou o bendito cujo. Hoje, com aparência estranhamente "humana", o que me deixou um tanto quanto desconfortável no inicio, pois ele sempre comentou o quanto não queria uma imagem atrelada a um rosto humano. O que será que fez ele voltar? Por quê?  E a musica parecia ficar cada vez mais alta. Sabe quando nos filmes você passa a ouvir aquela musica classica do "se fodeu" pro vilão e o som de fundo parece que vai estourar teus ouvidos? Exatamente. Tudo bem, nós (no caso, eu) precisamos explicar coisa por coisa ou ao menos tentar não surtar imaginando uma coisa que ninguém sequer cogitou além da minha mente louca. Não sei quantos minutos passaram até que algum de nós puxasse assunto. Não por desconforto, é que realmente meus últimos encontros com Kasyade tinham sido muito silenciosos. Era como se não precisássemos sempre falar para sentirmos proximidade. O problema era justamente esse. 
     Ele perguntou o motivo de não nos vermos mais. Na hora achei que não sabia o que dizer, mas era só eu mesma tentando esconder de mim mesma que eu fiz uma escolha e essa escolha talvez o mantivesse um pouco longe. Talvez tenha sido um erro.

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