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Mostrando postagens de junho, 2023

Cali

   C alíope, Calíope, Calíope... Desabafos entre os resquícios de divindade que albergam-se nas sombras deste mundo efêmero, paira uma entidade dilacerada pelos horrores da sua própria existência. Outrora embriagada nas harpas celestiais do Olimpo, trilhou (sem querer) um caminho sombrio, onde a luz dourada da aurora se transformou em penumbra densa e sufocante. Por entre as dobras do tempo, onde o éter se entrelaça à carne, encontramos a história dessa alma fragmentada, cujas asas outrora puras foram banidas das alturas. Oh, anjo caído, testemunha da fragilidade humana, eternamente marcada pelo abandono e pela desilusão. Calíope, a voz esquecida, traz consigo as cicatrizes invisíveis de um passado que açoitou sua essência sublime. Medo, esse fio tênue que tece sua existência, estende-se por entre os cantos sombrios de sua alma. Medo de confiar, de entregar-se àqueles que, cobertos de boas intenções tentam tocar sua fragilidade celestial. Na carne, o resquício da dor avi...

Fênix (parte 2, final)

E ntre as sombras do crepúsculo, onde o suspiro do silêncio ecoa, encontro-me imersa nas entranhas da saudade. Palavras desenham-se em minha mente como pinceladas de nostalgia, enquanto a ausência daquela que mais amei tece uma teia de dor em meu peito. Ah, como a falta dela se faz presente, em cada respiração que toma forma, em cada lágrima que escorre em desamparo. A ausência é uma ferida aberta, cujas bordas se estendem pelo tempo, entrelaçando-se às minhas lembranças mais preciosas. Cada lembrança é um jardim murchado, um buquê de emoções desbotadas. A fúria enraizada tenta se esconder sob os véus da poesia, mas seu calor incandescente persiste, como brasas ardentes que queimam a essência do que gostaria de ser. Onde está o consolo, o abraço que ameniza a dor? As palavras se perdem em meio às lágrimas e meu coração sangra versos de aflição. Sinto-me uma nave perdida em águas revoltas, sem bússola, sem estrelas a guiar meu destino. E então, como a Fênix que renasce das cinzas, encon...

Caçada das bruxas

E m um emaranhado de emoções e desejos, encontro-me imersa na encruzilhada das palavras. Como poetisa dos sentimentos, sinto-me desafiada a dar voz a um encontro improvável, que transcende a norma e ousa desafiar tudo em volta. Permitam-me, então, guiar-vos por um turbilhão de sensações. É no profundo abismo da alma que borboletas inquietas encontram morada. Uma dança efêmera, frenética e bela, que se manifesta em cada batida descompassada de uma música. Então, encontro-me de formas diversas, capacitadas à cada olhar que, como estrelas em constelação, iluminam o firmamento de minha existência. Elas são como a fusão de duas melodias, entrelaçadas em uma sinfonia única. A doçura de suas vozes, a intensidade de seus olhares, desencadeiam uma sinestesia de sensações com energia suficiente para iluminar um continente inteiro. É como se cada palavra ou gesto delas fosse um verso escrito por Vinícius de Moraes, traçando linhas invisíveis que conectam nossos caminhos. Contudo, paira sobre nós ...