Em primeira pessoa.

    Sabe, amor... Comecei a pensar e vi que nossa história era uma tão fora do padrão.Tudo era muito rápido, desconexo e louco. Então parei para refletir se não me afobei sobre esse sentimento e tudo o que tem acontecido. Então muitas coisas vieram a tona, por exemplo, como me senti da primeira vez em que te vi pessoalmente. Aquele nervosismo por mal saber te chamar pelo nome e também não me sentir confortável ao te chamar por um apelido. Meu pensamento era "ô, menina complicada" mal sabia eu que não tinha nem ideia do quão complicada era? Já mencionei amar um quebra-cabeça ou aqueles jogos de enigmas?
    Voltei a pensar como foi na segunda vez que nos vimos, nas seguintes e a imensidão de coisas que se deram nesse meio tempo. Também andei pensando e acho que aquela tentativa de me afastar de tudo não foi consciente, apesar de no momento eu realmente acreditar que era esse o melhor. Eu acho isso hoje, ou achei aquele dia mesmo? Odeio essa mania achar tanto e pedir que tu tenha tantas certezas quando eu apenas consigo fraquejar e jogar milhares de "achamentos" por aí. 

    Cria coragem, garota!
    Pois parei e vi que não! Não era o que eu queria e tive medo pelo meu próprio medo de ser feliz e largar o passado. O medo do medo. Tão poético, mas tão ridículo. Mas consegui chegar a conclusão de que a quantidade de remédios que eu tomei e a coragem que tive foi uma parte de mim achando que poderia vencer a parte boa que tu despertou. Era medo que eu saísse e florescesse. Então eu vi que eu estive tão imersa em tudo que eu era e naquilo que eu almejava ser que quando houve algo bom ali, quando houve algo que realmente parecia importar de novo fui minha maior inimiga e disse: vamos descartar isso logo!
    E passou algum tempo desde que comecei a te escrever essa carta, então voltei a refletir sobre nós. Como aquele assunto de ser afobada e do mais profundo pensamento, da mais profunda reflexão eu pude ver que não, não fui afobada. Vi que assim como minha vida poderia ter acabado em um minuto, nós também! Poderíamos sequer ter nos conhecido pessoalmente, afinal, eu nem queria ir à casa da tua amiga naquela noite. Ora! Eu ir na casa de quem não conheço? Já começou esquisito. E se não tivéssemos nos conhecido pessoalmente que sentido faria tu ter vindo aqui e ter aberto aquele sorriso incrível e aquele olhar de alívio ao me ver? Foi como um pequeno ponto de paz em meio a tempestade que tomou conta das janelas e bloqueou as portas.
    Por que tudo sempre foi tão desconexo aparentemente mas cada esquina em que eu dobrava para tentar fugir de ti, via que era um quebra-cabeças perfeito. Não era um quebra-cabeças de 100 peças. Somos um quebra-cabeças daqueles que a família inteira se junta e leva meses para terminarem e emoldurarem na sala, sabe?!
    E aos poucos eu consigo realmente ver o que eu era, o que eu queria ser e o quão longe tudo isso parece, sendo que foi há menos de um ano e hoje eu percebo que eu não sei direito o que eu quero ser, mas minhas certezas se baseiam em querer ser algo ao teu lado e querer estar longe do que fui antes.
Somos todos jardins, flores, paz, marés e o que mais quisermos ser. Somos fases!
"Com muito amor, W.K"

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