Minha prisão.

          Não que eu quisesse, mas simplesmente aconteceu. Simplesmente acontece e vai acontecer cada vez que, nem que seja por um segundo, teu rosto venha como num passe de mágica às minhas memórias, aos meus pensamentos e às minhas saudades. Dói. Mas dói menos. E se eu tentar achar em outros abraços o que só o teu consegue fazer? Se eu fosse capaz de encontrar em outros corpos o que só o teu me proporciona? Será que doeria menos?! Será que seria necessário?
    ...
   O escuro do quarto, o abafado das janelas fechadas e do meu próprio coração me sufocam mas é algo que não posso escapar. Se eu escapar da escuridão, vou sair e ver a luz do dia, ver a luz radiante da felicidade alheia e de falsas paixões que são desencadeadas por flores, atos sexuais, beijos, abraços, traições e mutilações. Paixão.
   Quero sair desse calabouço, dessa prisão. Quero que seja a tua mão que puxe-me para fora e que seja o teu perfume entrando para espantar todo o cheiro de mofo que exala aqui. Quero que seja tu. Apenas quero isso.

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