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Paralelos

    Ultimamente não sei se ando sendo mais eu ou menos eu. Talvez, quem sabe, nem esteja sendo eu. Mas como é não ser eu mesma? Se não sou eu, quem diabos eu sou? Se bem que as vezes a gente cansa de ser quem somos, ou de não saber quem somos e acabar nos perdendo nas milhares de faces com as quais somos moldados. Sociedade, escola, família, namoros, amores, paixões, amizades e passados...
    O mundo pede por pessoas sinceras e politicamente corretas, mas quando se é assim o que acaba acontecendo é, vulgarmente falando: você se fode. E não é pelos termos bons da palavra, é simplesmente o ato de apanhar da vida, sem nenhum prazer envolvido nisso, hein! Quantas crises e conflitos internos eu ainda devo ter para descobrir ao certo quem sou?
    Triste mania a minha de achar que me encontrei ao encontrar-te, pois quando te perco, vejo minha identidade ir contigo. Triste mania a minha de entregar meu RG à promessas e minha certidão de nascimento à distúrbios sentimentais
    Quem sabe, eu seja um conflito interno no meio de um caos sem fim, um paralelo ao horizonte que desfruta da vida de um modo diferente. Ó, paralelos, meridianos e supostas linhas imaginárias, guiem-me ao lugar que posso chamar de meu. Quem sabe, também... seja lá onde irei encontrar-me.

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